segunda-feira, 24 de agosto de 2015


Há muito tempo venho pensando sobre violência no Brasil, um pouco pela
minha infância, que me permitiu viver isso na pele. Mas também por conta de
tantos atos, chacinas, agressões e linchamentos que nós brasileiros estamos
testemunhando.

Aí nasceu a ideia A FILHA DO LOBO. Um solo onde vou atuar, que reconta
Chapeuzinho Vermelho, agora uma mulher mais velha e apaixonada pelo lobo,
pai da filha que espera. Estou com uma campanha no catarse e ficarei muito
feliz se puder colaborar, até mesmo compartilhar com seus amigos.

Toda colaboração é muito bem vinda!!!

Dá uma olhada na nossa página:
https://www.catarse.me/pt/filhadolobo?ref=explore

Assista o nosso vídeo:
https://www.youtube.com/watch?v=txxeMtArLHQ

Isso é mais que a realização de um sonho; é necessário pro momento que
vivemos hoje.

Espero que possa entrar nessa com a gente.

I've been thinking about violence in Brazil for a while now, a little because of my childhood that made me go through particular experiences. But also because of all the agressions, lyncher and slaughter that we Brazilians have been witnessing lately.
From all that was born THE WOLF'S DAUGHTER, a 45 minutes solo that I act in and that retells the story of Little Red Riding Hood. In our play however, she is older, in love with the wolf and pregnant, with a little girl in her belly.
I am collecting resources via crowdfunding and I would be very happy if you could colaborate and share it with your friends.
Every help is very much appreciated!!!
Take a look at our page: https://www.catarse.me/pt/filhadolobo?ref=explore
Watch our video with subtitles: https://www.youtube.com/watch?v=txxeMtArLHQ
This is more than a dream, it is necessary for the times we are living now.
I hope you can join us.
Big Hug.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

domingo, 17 de novembro de 2013


super

Aparelhos de Superar Ausências

Para ler de olhos bem fechados

“O povo não é guiado pela liberdade, mas por estúpidos que não sabem nem para onde ir.”

Seja traidor
Seja Herói
Traia a si mesmo
Pra onde você vai?
A pergunta atravessa um lugar onde a realidade não existe mais, onde Michelangelo explode, com imenso prazer, os símbolos do Capitalismo e no fundo escondida, em um canto escuro - uma explosão - que quis ser ninho. Um bom lugar para se enunciar uma hipótese assombrosa: se considerássemos que somos uma ficção construída pelas redes neurais para podermos trafegar numa estupida realidade de senso comum, talvez pudéssemos escrever uma narrativa mais poética de nós mesmos. Quando o Homem andou pela primeira vez sob duas pernas e começou a ter consciência de si e do Universo, a sua Linguagem de origem era a Linguagem Poética, ampliadora, mutável, aberta para o novo, mas optamos pelos territórios, pela individualidade, pela ideia de poder. Mas a Linguagem primeira ainda é um devir em nós e esta escondida em algum lugar de nós mesmos esperando ser encontrada. Um corpo moldado em palavras que ainda não podem ser ditas.
Uma liberdade poética: Somos todos poetas e artistas.
E seguimos carregados de esperança, guiados por esse devir e acompanhado de três fantasmas: O primeiro de um Homem que ateou fogo ao próprio corpo achando que suas cinzas encheriam o mundo de poesia; um outro que carregava uma vela para iluminar a escuridão do contemporâneo e um terceiro que guardava com cuidado tudo que era inútil para um dia poder reconfigurar o mundo.
Para um outro lugar.
Uma casa abandonada, suja, vazia, com cara de um melodrama barato sobre nossas vãs tentativas de sair do atoleiro entre impulsos frustrados e falas que imploram por mudanças radicais. E ali, dentro das ruinas, a poesia em espasmos espera.
E lá vamos nós.
Novamente, na plenitude da esperança, caminharmos em silencio para ir de encontro ao grito das ruas.
Que faria eu sem este silencio, poço fundo de borbulho curvando-se a pedir socorro, a pedir amor.
Sem este céu posto de pé.
Intermezzo
Ouvir no grito da multidão, a voz liberta de uma criança, nos faz respirar um ar mais puro.
Em um Outro lugar
Onde muitos já passaram deixando suas marcas impressas no chão e que agora, antes de nós, se dirigem para uma possível redenção como sombras coloridas que fazem parte de nós. No meio do que foi e do que está por vir um rio corre dentro de mim e por ele navega uma criatura múltipla, diversa e que vagueia aqui entre nós. As ideias de um Homem só não são as ideias de um Homem só.
E seguimos enquanto, no percurso agora vazio e em outra superfície, inicia-se um rito para a chegada do Homo poeticus.
No escuro, guiados por um foco de luz, vamos novamente esperançosos ao encontro da grande verdade. E novamente frustrados encontramos uma plateia inerte, passiva, amorfa.
Afinal, o que estamos fazendo aqui?
Uma pedra, que quer ser outra coisa, rola numa realidade que a deseja seja só pedra. Entre pulgas e suicídios, nada mais temos a oferecer senão acreditar que podemos, com esforço, atravessar paredes.
Afinal, o que fazemos aqui?
Uma possibilidade:
Dizer não a mesmice para criar a possibilidade de uma ausência que torne possível algum sim.
Sim. O lugar que eu ouço que eu escuto que eu procuro.
E onde eu não tenho nem rosto.
O lugar necessita ser outro lugar. E entre escombros de um Bing Bang particular causado por um Black Bloc interior, uma fictícia cadeira desenhada na parede permite que o fora e o dentro sejam o mesmo lugar.
Segundo Intermezzo
Uma explosão de papeis em brancos que querem encontrar outra escrita e preenchem o chão para encontrar a que se destinam. Na porta, entre uma plateia amorfa, um homem que ser outro, descansa fumando seu cigarro, sem olhar para a rua onde pequenos acontecimentos traçam o seu destino. Uma voz e uma imagem pedem suavemente que tentemos construir um outro lugar, assumindo a nossa incompletude e pedindo que sejamos outro e que, mesmo que seja só poesia, reformulemos o humano usando borboletas.
O Universo é uma obra de arte que para ser admirada construiu uma consciência de si. Nós. Outra obra de arte. Uma dentro da outra. E por mesquinhez, pelo poder, pelo sangue derramado inutilmente, abdicamos desta potencia para viver na crença de que somos o que somos. E construímos a ideia de arte para voltarmos à cena de origem, acreditando com isso, pelo menos, podemos tocar, mesmo que tenuamente, este outro lugar. E ficamos, erroneamente, discutindo quem chega mais perto, cego para ver que estamos o tempo todo ali.
Aqui agora é outro lugar.
Palavras tímidas, murmúrios, povoamento. Vagar na escuridão para construir com nossos corpos palavras que desinventam os objetos. Que nos dizem que do lugar onde estamos já fomos embora.
Somos como pássaros feridos que se debatem no ar já sabendo que em algum momento vão se estatelar. É preciso aprender a voar fora da asa e recuperar a esperança perdida de que em algum momento um ser que nos habita, multifacetado, nos atravesse carregando um manto de memórias e inutilidades para ir de encontro a um outro possível nós. Que silenciosa espera tecendo sua trama branca e eterna e pedindo em silencio para que se abram as janelas, não importa se dia ou noite, para deixar entrar mais ar.
Talvez seja só desejo, nada disso aconteceu, porém como diz um catador de papel – Felistônio: as coisas mais belas são as que não existem.
Se não delirarmos com nossos erros, quem mais o fará?
Se poesia e luta é o que nos resta, nos resta muito. Nos resta muito.
Agora vamos todos juntos, pegar um chapéu com flores e ir para uma janela, não para esperar os dias que não virão, porque eles já estão em nós. Vamos nos atirar por ela porque já sabemos, diferentemente do coiote e de sua pobre realidade, que fluiremos tranquilamente pela sustentável leveza do estar.

"A olhos tão profundamente (ainda que inconscientemente) condicionados pela tradição teológica, o que aparece quando se tiram as vestes (a graça) não é mais do que uma sombra delas, e libertar totalmente a nudez dos esquemas que nos permitem
concebê-la apenas de modo privativo e instantâneo é uma tarefa que requer uma lucidez fora do comum", Agamben.